É mesmo isto...



RECEITAS DE AMOR

(Cronica da Flash da semana passada) 

Uma relação amorosa precisa de muitas coisas para funcionar? Depende da relação o do que queremos dela. Há uma música do Harry Connick Jr chamada A Recipe for Love que dá uma série de dicas sobre o tema, mas quanto a mim começa logo mal porque diz a little bit of me and a whole lot of you… O Harry até é giro e parece bom rapaz, mas francamente, se ambas as partes não vão a jogo com o mesmo valor nas apostas, um deles acabará por levar o outro ao colo, que é como quem diz, por puxar o barco quase sozinho. E toda a gente sabe que só anda de barco sozinho quem não quer companhia. Voltando ainda ao Harry, que é uma espécie de Sinatra esquecido que já dava cartas quando o Michael Bubblé ainda andava de chucha e de bibe, vale a pena ouvir a música, porque mesmo que uma pessoa não esteja numa boa fase amorosa ou em nenhuma, ganha um novo ânimo para o assunto.Mas afinal do que precisa uma relação? A meu ver precisa de confiança, de esperança e de tempo. Confiança no outro, esperança que tudo vai correr bem e tempo para mostrar ao outro que sentimos confiança e esperança. Uma verdadeira relação, daquelas construídas no dia-a-dia com compromissos de ambos, cedências e capacidade de aceitação, não se consola com telefonemas diários nem com mensagens carinhosas. É preciso encontrar tempo para lhe dar tempo para que possa crescer. E o tempo, que é o grande ladrão da vida, é o grande aliado das relações. O tempo está para o amor como o vento para os incêndios: apaga os mais fracos e alimenta os mais fortes. Quando uma semente é lançada à terra ou cai lá por acaso, precisa de tempo até se tornar numa outra coisa. É o tempo necessário para ganhar visibilidade. Por isso acredito que no início de todas as relações, o segredo é fundamental. É preciso perceber que pode estar ali grande parte da nossa futura felicidade e que para tal, há que estima-la e guarda-la como uma planta frágil quase sem raízes, protege-la e alimenta-la com o mesmo cuidado como se fosse um bebé. Depois de algum tempo podemos partilhar a nossa felicidade com o mundo, mas nunca logo no início, porque nada como o excesso de exposição para rebentar com uma relação. O que é nosso é nosso e ninguém tem nada a ver com isso, pelo menos durante os primeiros meses, fundamentais para que o outro se mostre como é e nos olhe como somos, sem ruídos, nem comentários, nem assobios ou aplausos de bancada. O tempo não respeita aquilo que se faz sem ele e por isso um amor tornado público só aguenta o embate quando já é forte. E nenhum amor nasce forte; só o tempo, a vontade e a entrega têm o poder de transformar uma pequena semente numa árvore de fruto. Há quem diga que o tempo não tem o tempo que o tempo devia ter, mas eu não vejo as coisas assim. Acredito que o tempo não respeita quem não tem respeito pelo tempo, quem ultrapassa as etapas naturais da evolução, quem não sabe esperar para ver, para ouvir, para aprender, para crescer com o outro e sozinho à medida que o amor se vai construindo e fortalecendo. Antigamente, o príncipe tinha de matar um dragão e de quebrar o feitiço de uma bruxa, a princesa picava o fuso ou dava uma dentada mortífera numa ma mal-intencionada, caía para o lado, conservava-se no formol dos contos de fadas e todo o reino ficava em stand-by até á chegada do príncipe com o seu beijo milagroso. Agora já não há dragões, mas também já não há príncipes encantados, por isso o melhor é investir em alguém que tenha tempo para investir em nós. E confirmar que com tempo e a seu tempo, tudo correrá pelo melhor.
Margarida Rebelo Pinto


 É mesmo isto, que eu penso. Concordo com tudo. Começo mesmo a acreditar, que esta senhora por vezes tem acesso à minha mente.


-Lace-it-girl

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