Não sei bem o que dizer.
Neste momento parece que todo o meu peito é o meu coração. Posso sentir o
imenso amor, admiração e respeito que tenho por si. Desejo estar ao seu lado
agora e não posso estar. No entanto, não o imagino numa cama de hospital, no estado
em que está. Nem quero imaginar. Não consigo. Só consigo pensar no quanto
gostamos um do outro e de como tenho saudades. Quase que consigo sentir o seu
cheiro. Quase que consigo sentir-me a passar a mão na sua cabeça e
carinhosamente pentear-lhe os poucos cabelos [brancos, porque eu lhe pedi para
deixar de pintar]. Dói-me literalmente o coração por não poder estar abraçada a
si neste preciso momento. Porque tenho saudades. Sempre tive. Mesmo depois de
estar convosco, sinto. Sabe-me sempre a pouco quando estamos juntos. O vosso
amor por mim, o vosso amor um pelo outro sempre foi lindo de se presenciar.
Sim, avô. Sei que esse coração que para muitos parece de pedra, de pedra não
tem nada. Sei que sabe que eu me preocupo e gosto de vocês, mas não sabe de certeza
o quanto. Sempre soube que um dia vocês iam deixar esta terra. Sempre imaginei
como seria, ou melhor, como eu reagiria. Nesses momentos, pensava que não podia
ser egoísta e que tinha de aceitar a vossa partida, e claro, acima de tudo, não
vos ver sofrer. Tinha 3 desejos (ainda tenho), o primeiro é que nunca partissem
até eu ser adulta, o segundo é que me vissem casar e o terceiro é que
conhecessem os meus filhos - os vossos bisnetos. Dois deles já se realizaram,
ainda assim, não queria que partissem, aliás que o avô partisse agora. Não
quero que sofra. Mas quero estar consigo mais vezes. Muitas mais. O avô não
soube, não sabe, tudo o que aconteceu e está a acontecer, não é por mal, é só
para o poupar de mais um desgosto e preocupação. Assim, como ninguém me disse
nada, sobre si. Acabei de saber. Estou triste. Ohh avô, não imagina como me
sinto agora, o meu coração está agora na garganta. Só queria dar-lhe beijinhos
e acariciar-lhe os cabelos. Só queria fazer-lhe as perguntas que tanto o
chateiam, porque me preocupo com a sua saúde e estou sempre a alertar-lhe, como
se eu é que fosse mais velha. Só queria ouvir mais uma vez que nunca deixará que ninguém me faça mal.
Eu deixo-o partir... mas não agora.
-Lace-it-girl
Já se foi,e levou um pouquinho de todos nós.
ResponderEliminarFoi um bom avô para os meus filhos, deixa-lhes um legado de amor à família e ao trabalho,um grande exemplo para eles. Descanse em paz Sr. Otílio!
oi Cristininha, nesta hora de tanta dor sofremos todos juntos. Pois nisso e que vale os amigos...
ResponderEliminarforca amiguinha. tudo vai dar certo.
bjao