Sobre a maternidade - também há coisas que chateiam


Chateio-me com algumas situações e com algumas pessoas. Coisa rápida, normalmente. Pior mesmo é quando me chateio comigo mesma. Fico irritada quando acho que podia fazer mais e melhor, quando acho que poderia ter evitado alguma coisa. Esta irritação comigo mesma, demora mais tempo a passar. Situações, como a minha filha cair e magoar-se chateiam e magoam-me mais a mim do que a ela - pelo menos quero pensar assim. Até aos oito meses, a minha filha não teve uma única queda, nunca bateu com a cabeça, nem ficou doente. E eu, sempre muito muito agradecida e sempre a dar o meu melhor para que nada disto aconteça. Embora saiba que naturalmente venha a acontecer. Nos últimos dois meses já bateu tantas vezes com a cabeça e já caiu tantas vezes que até me dói pensar nisso. Acabou agora de cair e fazer um arranhão e valente galo na testa. Fico mesmo mesmo irritada comigo, pelos segundos de distração e desleixo. Eu sei que a miúda é aventureira, quer gatinhar, saltar e andar ao mesmo tempo, e nos últimos tempos deve achar que até pode voar. Cabe-me a mim tentar minimizar as quedas naturais da exploração dela. Sei que não posso evitar tudo, mas quando a queda faz barulho e há marcas bem visíveis - fico mesmo desesperada e irritada. Dizem que é a reação normal de mãe, principalmente de mãe de primeira viagem. Mas é um desespero. Reconheço que às vezes me preocupo em demasia, e já me têm dito isso também. Mas afinal, é a minha bebé. Embora já esteja mais crescida, continua a ser pequenina. Não posso evitar tudo, mas posso evitar muita coisa. Vou andar sempre com o coração apertado e assustada o tempo todo. Ou talvez, talvez me habitue. 
Aguenta coração, continua grato e a torcer para que não venham mais que quedas com arranhões e galos. 

-Lace-it-girl 

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