Diário da primeira gravidez VII


 Estou grávida pela primeira vez e serei mãe daqui a poucas semanas ou dias, pois a partir desta semana, pode nascer a qualquer momento. A minha bebé está a crescer saudável e é bem activa. Eu também estou bem, embora a minha anemia tenha decidido voltar e em grande. O que me faz sentir ainda mais cansada e sonolenta, mas fora a anemia, que está a ser combatida com grande dose de ferro diário, tudo o resto está bem.


Gravidez e Plano de parto em Inglaterra

Eu sempre me imaginei grávida, só nunca imaginei que isso aconteceria em Inglaterra. O sistema de saúde aqui é bem diferente do sistema de saúde em Portugal. Quando descobri que estava grávida fiquei um pouco preocupada por saber que iria ser acompanhada aqui, pois sei que tudo funciona de forma diferente. Pensei até, ser acompanhada aqui mas ter o parto em Portugal, mas depois das primeiras consultas, fiquei mais serena e até passei a gostar mais do acompanhamento na gravidez e das opções de parto que oferecem aqui.
Depois dos vários testes de gravidez de farmácia, liguei para o centro de saúde e informei que estava grávida. Atribuíram-me uma Midwife (parteira-enfermeira), que acompanha a mulher grávida durante a gravidez, parto e pós-parto. Marcaram-me a consulta para um mês depois e eu fiquei assustada. Grávida pela primeira vez e ter de esperar um mês para conhecer a pessoa que me iria esclarecer todas as dúvidas e me acompanhar, foi difícil. Chegado o dia da consulta, a minha Midwife foi extremamente atenciosa e explicou-me todo o processo. Nesta consulta, eu e o meu marido respondemos a questões de saúde - histórico familiar. Foi me dado um livrete A4, onde a Midwife escreveu o nosso histórico de saúde. Mediu-me a tensão e pesou-me. Apenas isto. Depois tive consultas novamente com ela a cada mês e meio e, nestas consultas falamos sobre como me sinto, mede-se a tensão, faz-se análises à urina e ao sangue. 
Conforme a gravidez vai progredindo, é explicado os benefícios de um parto natural e da importância da amamentação. São explicadas as opções de parto e medicação para alívio da dor. Cesariana só mesmo em último recurso. 80% dos partos em Uk são naturais. Caso a mãe tenha algum problema de saúde, ou o bebé apresente algum problema, a gravidez é acompanhada por um Obstetra(no hospital) e não pela Midwife(no centro de saúde). A partir do terceiro trimestre as consultas passam a ser mais frequentes, de três em três semanas ou de duas em duas. Dependendo da disponibilidade de ambas. Claro que se estivermos preocupadas ou se algo acontecer podemos ligar e ter consulta mais cedo. Temos acesso ao número de telefone da Midwife e podemos ligar quando necessário, para esclarecer dúvidas ou pedir conselhos. A minha Midwife até me manda mensagens a lembrar-me de consultas e ecografias. 
O sistema nacional de saúde (SNS) oferece três ecografias. Embora eu tenha tido quatro, porque a minha Midwife quis ter a certeza de que a bebé tinha o tamanho e peso certo, uma vez que na medição da minha barriga, para se saber o tamanho do útero, eu estava abaixo do tamanho esperado. Quarta ecografia feita, tudo dentro do normal e foi mais uma oportunidade de ver a bebé. 
O SNS também oferece aulas ante-natais, para se falar do parto, amamentação e os primeiros dias com um bebé. É também uma oportunidade para conhecer outras mães e trocarem-se experiências.
Recebemos um cartão "maternity exemption" que isenta as mães de pagar farmácia e dentista durante toda a gravidez e até que o bebé complete um ano de idade. Durante toda a gravidez, se necessitarmos de um fisioterapeuta, atendimento psicológico ou outro especialista, é só ligar para o número do especialista que necessitamos e marcar consulta, que é também gratuita. Todos estes contactos e informações estão no nosso livrete de gravidez. 
A maternidade do hospital é espectacular. Podemos também marcar uma visita guiada para conhecer tanto a ala das midwifes como a ala de obstetrícia. As salas estão equipadas com camas, cadeiras/sofás e piscina. É permitido por música e ajustar a luz do quarto conforme queremos. Claro que algumas regras e condições variam de cidade para cidade. Mas regra geral é assim. 
Para além de todas as opções que o hospital oferece para se ter um parto o mais humanizado possível, o SNS não só assiste como apoia o parto em casa. Inicialmente, como esta será a minha primeira vez, pensei em ter no hospital e na água, depois os seguintes filhos em casa. Conforme a gravidez foi progredindo, fui vendo vários vídeos e conhecendo várias histórias de partos assistidos em casa e muitos deles também primeiro parto. Decidimos então, que o meu parto será em casa. Lemos o livro sobre Home Birth, dado pela Midwife e ficamos entusiasmados com a ideia. Entretanto quando a minha anemia apareceu em grande, eu comecei a desitir da ideia do parto em casa. Aliás, se a hemoglobina estiver abaixo de 10.5 a midwife não nos "deixa" ter em casa. E eu estou bem abaixo do valor aceitável para poder fazer. O meu marido gostaria mesmo que fosse em casa e a minha Midwife tem apoiado imenso e tem tentado convencer-me de que ainda é possivel. Decidimos então esperar pelas próximas análises e rever os valores. Entretanto, a Midwife veio cá a casa fazer o House Birth checklist, para ver se temos as condições necessárias e temos. Fomos aconselhados de tudo o que temos de ter e o que fazer quando eu entrar em trabalho de parto. Como eu quero ter parto na água, esta semana iremos montar a piscina, no quarto recomendado, toalhas e tudo o resto preparado, pois a partir desta semana, poderá acontecer a qualquer momento. 
Quando entrar em trabalho de parto, terei o meu marido e uma amiga doula comigo. Duas midwifes virão para o parto e caso haja alguma complicação, serei transferida para o hospital. Caso tudo corra bem, ficarei sempre no conforto da minha casa. 
Tudo pleaneado, tudo a ser preparado. No entanto, nem sempre as coisas ocorrem como planeado. No final desta semana, saberemos o resultado das análises e espero mesmo que os resultados sejam bons de forma a mantermos este plano. Caso não possa ser em casa, como gostaríamos, sei que o hospital terá também um bom ambiente para nos receber. O importante, é que a transição da bebé entre o útero e o mundo exterior seja o mais natural e menos stressante possível. 

-Lace-it-girl

 

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